sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Resumo de mim...

Bem isto de falar de nós próprios não é fácil, muito menos contar uma história quando se quer esquecer metade, mas...
Vamos lá!
Eu nasci a 28 de Setembro de 1979 na maternidade Militar da Lapa em Lisboa.
Fui criada na Ajuda (Lisboa), com a minha mãe (Isabel) e as minhas quatro irmãs (Lúcia, Alice, Hortense, Natalina). Uma vez que os meus pais se separaram ainda eu não tinha um ano a minha figura paternal só se construiu aos meus oito anos quando a minha mãe refez a vida dela com um senhor Setubalense (Eduardo).
Até aos meus três anos fiquei com a minha “Avó” (ama) ou em casa com uma das minhas irmãs, uma vez que a minha mãe trabalhava muitas horas para nos sustentar tivemos que aprender a desenrascar sozinhas muito cedo.
Aos três anos fui para o A.T.L na Boa Hora (Ajuda) e lá fiquei até entrar para a primária.
Na noite da primeira comunhão das minhas irmãs Hortense e Alice, ninguém dormiu na minha casa porque eu passei toda a noite aos gritos com dores nas pernas, tinha eu os meus 4 anos.
A partir desse dia começou uma batalha…
A minha mãe durante 2 anos andou comigo de hospital em hospital para descobrir o que eu tinha e de onde vinham aquelas dores que na maior parte das vezes nem me permitiam andar.
Corremos todos os hospitais de Lisboa.
Havia uns Médicos que diziam que o problema era causado pelas dores do crescimento e que ia passar. Outros diziam que o problema só se resolvia com a amputação da perna direita.
A minha mãe não desistiu e nunca deixou que me tirassem a perna.
Quando eu andava na segunda classe (primária da Ajuda) fui até Setúbal com o meu Padrasto, era costume irmos ver os jogos do vitória.
Naquele dia decidimos ir à Arrábida (bem dita a hora), quando íamos a subir a minha mãe reparou numa seta que dizia, hospital ortopédico do Outão.
A minha mãe quis parar. Foi falar com o segurança e perguntou lhe a que dias eram as consultas. O segurança disse lhe que eram as quartas mas que se éramos de Lisboa não pertencíamos aquele hospital.
Mas teimosa como a minha mãe é (a filha é igual) na quarta-feira bem cedo estávamos lá para falar com o Director e saber se me podiam ver só para ter uma nova opinião.
E assim foi… fui atendida pelo D. Carlos Martins o chefe dos ortopedistas.
Fiz um monte de R.X toda a manha. O médico chamou a minha mãe mas a mim não. Aí eu senti que as minhas dores eram algo de grave. De seguida a minha mãe veio chamar me, e disse me que o médico queria falar comigo mas que ia correr tudo bem.
Quando entrei o médico perguntou se eu gostava de ficar lá uma noite, uma vez que tinha que fazer um exame muito cedo e que era muito cansativo ir para casa para ter que voltar no dia seguinte tão cedo.
Eu disse que sim (já estava habituada).
No dia seguinte fiz o tal exame que era a lazer a virilha mas só voltei para casa ao fim de 6 meses.



Acabei a segunda classe e comecei a terceira internada no hospital. Durante aqueles 6 meses fiz 3 cirurgias vários tratamentos e muita brincadeira.
O hospital do Outão fica num antigo convento com aqueles típicos corredores estreitos que eu adorava para fazer corridas de cadeira de rodas.
Eu no meio de tanto tratamento e cirurgia conseguia continuar a ser criança (rebelde), Igual às outras.
Acabei a terceira classe na primária e transitei para a quarta, mas não tive tempo de iniciar o ano na minha escola porque voltei a ser internada no inicio de Setembro.
Fiz os testes todos da quarta classe no hospital com muito boa nota (tempo para estudar não me faltava).
Entrei para o 5ºAno na escola Preparatória Francisca de Arruda, que fica no Rio Seco em Lisboa.
Nesse mesmo ano entrei para uma Corporação de Escuteiros onde estive até aos 18 Anos.
Quando fui para o 7º Ano mudei para a secundária Ferreira Borges que é um pouco mais abaixo no Calvário, onde estive até ao 11ºAno e onde descobri a minha paixão pelo Voleibol.

Andava eu no 9ºAno comecei a trabalhar numa Pizzaria ( Marilycarls), uma vez que saia da escola todos os dias as 3 e pouco da tarde entrava as 4h no trabalho( menos a quarta-feira que era a minha folga).E lá fique até ao dia do primeiro dia de aulas do 12ºAno que percebi que o horário da escola não combinava com o do trabalho.
Tinha uma das muitas decisões da vida para tomar. Estudar ou trabalhar???
Pedi a opinião à minha mãe ao qual ela respondeu que o dinheiro que eu lhe dava fazia muita falta.
E foi assim que eu deixei de estudar com muita pena minha.
Nessa altura eu fazia teatro numa associação do castelo de S. Jorge em Lisboa. E participava nas animações que ainda hoje em dia se fazem as visitas no Palácio de Queluz.
Fui morar com a minha irmã Hortênsia para Mem-Martins até que arranjei uma pequena casa no Algueirão para mim. Era umas águas furtadas só com um quarto mas o ideal para a paz que eu queria uma vez que a minha relação com a minha mãe nunca foi das melhores.
No dia 15 de Maio de 1998 comecei a namorar com o meu marido (Paulo Assunção) e ainda hoje não passamos um sem o outro.
A nossa primeira filha nasceu ainda nos morávamos naquela casa (casa das bonecas como dizia a minha mãe). A Núria nasceu ao fim de 7 meses com 1.500Kg e hoje em dia tem 9 Anos e é uma rapariga linda (não por ser minha mas é realmente muito bonita).
Ente os 18 e os 22 anos trabalhei em vários sítios desde a área da restauração as limpezas.
Aos 22 anos decidimos mudar de ares e fomos morar para Meruge, uma aldeia a 8 km da serra da Estrela.
Esta ideia não veio do nada uma vez que eu sempre passei todas as férias escolares naquela aldeia, onde ainda hoje morra a minha irmã Lúcia que é a mais velha das cinco. Ela foi para mim a minha segunda mãe uma vez que eu passava muito tempo com ela e os meus sobrinhos (Daniel e Cristina) os meus irmãos mais novos.
Foi o pior ano da minha vida…
Perdi uma bebé, estava grávida de 8 meses.
Pouco tempo depois desmontamos a tenda e voltamos as origens (Mem-Martins).
Voltei a tentar a sorte e engravidei da minha “Tânocas” (Tânia), agora com 5 anos é a princesa da casa. Tive uma gravidez muito calma, como os médicos me mandaram, e ela nasceu no dia que fez as 40 semanas de gravidez.
Com tanta volta que a vida dá actualmente morro no Paúl uma terra a 2 km de Torres Vedras.
Estou a por em pratica um objectivo que ficou por concretizar aos 18 anos, completar o 12ºano, ao mesmo tempo que aprendo uma área que sempre gostei, área comercial.
Com duas filhas lindas e um marido fantástico cá estou eu a levar a minha vida para a frente depois de mais uma operação à anca que me fez ficar desempregada há dois anos. Sei que não foi a minha última cirurgia uma vez que a minha doença não tem cura. Mas nunca ninguém disse que a vida era fácil…

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